Fã do livro, Cauã diz que gêmeos de "Dois Irmãos" são "papéis da vida"
Depois de ter sido repetidamente adiada pela Globo, a minissérie “Dois Irmãos”, baseada na obra de Milton Hatoum e dirigida por Luiz Fernando de Carvalho, estreará em janeiro com a benção do autor e uma marca para o ator Cauã Reymond, que definiu os protagonistas, os gêmeos Yaqub e Omar, como os “papéis de sua vida” durante um painel dedicado à produção na CCXP (Comic Con Experience) nesta sexta-feira (2).
Na trama, que teve um teaser repleto de drama, violência e cenas quentes divulgado durante o painel, a rivalidade entre os irmãos gêmeos corrói uma família de imigrantes libaneses que vive em Manaus. Eles desenvolvem essa rivalidade a partir da predileção da mãe, Zana, interpretada por Gabriella Mustafá, Juliana Paes e Eliane Giardini, por um deles, Omar.
O desejo de interpretar os irmãos já vinha de longa data para Cauã, que leu o romance homônimo de Hatoum quando tinha 26 anos de idade. "Quem me deu o livro foi minha mãe. E eu falei 'Eu posso fazer esses dois irmãos. Ainda estava no começo da carreira", contou o ator no evento. E a vontade também se estendia à oportunidade de trabalhar com o diretor Luiz Fernando Carvalho. "Tinha o sonho de trabalhar com ele desde 'Malhação', para vocês verem como sou arrogante", brincou.
Quando foi divulgado que o diretor trabalhava na adaptação, Cauã disse a um dos produtores de elenco da Globo, o Nelsinho, que gostaria de participar. E a resposta afirmativa veio tempo depois: "Nelsinho me dá um tapinha no ombro e diz 'Acho que esse projeto vai cair no seu colo'. Fiquei extremamente emocionado e extremamente ansioso, porque até eu encontrar o Luiz e a Maria [Camargo, autora] levaram três meses. E quando teve esse encontro eu sabia que tinha o papel da minha vida nas mãos".
A ideia da minissérie chegou à Globo por meio da autora Maria Camargo, em 2003. Sentindo-se “presa” pela história do livro, ela sugeriu à emissora que ele fosse adaptado para uma minissérie. O projeto, na época, não foi para a frente, mas Maria entrou em contato com Hatoum para falar sobre as ideias que tinha. “Me apresentei pro Milton, fui muito cara de pau. Falei ‘Eu amo seu livro, estou apaixonada e quero fazer algo’. O Milton foi de uma generosidade ímpar, virou meu amigo. Depois entrou o Luiz. Várias vezes parecia que o projeto ia, não ia”.
Emocionado em ver pela primeira vez uma prévia da série, Hatoum aprovou a adaptação e disse não ter preconceitos com outras mídias, como a televisão. “É uma obra pra romper os preconceitos. Ainda estou emocionando. Fico imaginando o que foi até chegar aí. Eu na minha idade ter preconceitos seria triste, o fim da picada. Acho que tem que ter nuances pra tudo. Há programas que eu não assisto na TV brasileira, não assisto de jeito nenhum, mas há minisséries que eu assisto”.
Em sua avaliação, a atração pode ajudar a obra a encontrar um novo público. “Eu acho que o grande barato dessa minissérie é que ela vai atingir um público também que nunca viu isso, que infelizmente não lê, mas que pode se interessa em ler”, afirmou, em seguida emendando uma provocação: “Qual a batalha do escritor? É tirar o leitor da lista do best seller e trazer o leitor, não digo nem pro ‘Dois Irmãos’, de levar pro ‘São Bernardo’, pro ‘Vidas Secas’. Sai da lista dos mais vendidos e entra na literatura, vai ajudar você a se conhecer mais, a conhecer os outros, as relações humanas”.
Cauã concordou com o autor: “A vida não é muito justa, e quando você lê livros que te propõem uma vida perfeita, isso não vai dar certo. Com o livro [‘Dois Irmãos’], você vai se acalmar, é uma das questões da tarja preta, é uma angústia, e a sociedade quer vender a vida perfeita”.
Novas oportunidades
Interpretando dois anti-heróis na minissérie, Cauã ressaltou que costuma buscar papéis diferentes fora das novelas – nas quais seus últimos personagens eram todos mocinhos. “Eu adoro fazer novela, adoro a comunicação da novela com o grande público, mas as vezes você fica com poucas possibilidades, tem poucas opções em termos de dramaturgia. Aí uma coisa que eu busquei é que sempre que eu acabo uma novela, eu vou fazer cinema. Cinema de baixo orçamento, cinema que as vezes o público não vai ver mas me ajuda a amadurecer.”
E foi justamente isso que ele conseguiu com Omar e Yaqub. “Lembro de uma cena do Omar, que que era extremamente violenta, porque eu quebrava a casa inteira, e também perigosa. Eu estava bufando depois, veio o Luiz e falou ‘Essas cenas, tem atores que passam a vida toda sem a capacidade e a oportunidade de fazer’. E é verdade. Me sinto extremamente grato”.
A autora Maria Camargo destacou que a Globo tem evoluído em dar espaço a outros gêneros. “Quando comecei a escrever roteiro na TV Globo, o espaço para uma pessoa que estava começando era bem mais limitado. Eram menos possibilidades, o espaço que tinha era para você ser colaborador de uma novela. Coisa que já fiz, foram experiências muito boas, que aprendi muito. Mas eu sempre quis fazer outro tipo de coisa. Não à toa o ‘Dois Irmãos’ me agarrou pela mão”.
Com narrativa não linear, a história se passa entre as décadas de 1920 e 1980. Após ter sido adiada, a minissérie de 10 capítulos estreia em 9 de janeiro de 2017.
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