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Harry e Meghan vão se afastar da Família Real: o que levou a essa decisão?

A duquesa e o duque de Sussex, Meghan Markle e Harry, durante visita à Canada House, em Londres - Getty Images
A duquesa e o duque de Sussex, Meghan Markle e Harry, durante visita à Canada House, em Londres Imagem: Getty Images

Mariana Gonzalez

Do UOL, em São Paulo

09/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Os duques de Sussex anunciaram que vão dar "passo atrás" como membros da monarquia e se afastar das funções oficiais da Família Real
  • Pelo menos desde 2018, o casal vem dando sinais de que ficaria cada vez mais distante da rainha
  • Em 2019, Harry e Meghan passaram a trabalhar em escritório separado de William e Kate, deixaram Londres e deram entrevistas polêmicas sobre a realeza
  • Agora, devem dividir seu tempo entre o Reino Unido e a América do Norte em busca de mais privacidade para criar o filho, Archie

O duque e a duquesa de Sussex —o príncipe Harry e sua mulher, Meghan Markle— anunciaram ontem que pretendem passar por uma transição e se afastar aos poucos das funções da Família Real. O casal deve abrir mão de alguns privilégios e ficar mais tempo na América do Norte —no Canadá, onde passou o Natal, e nos Estados Unidos, terra natal de Meghan.

A novidade, na verdade, só oficializa algo que vem acontecendo aos poucos pelo menos desde o final de 2018 e não é exatamente uma surpresa para quem acompanha os passos dos Windsors.

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Desde o casamento real, em maio de 2018, Harry e Meghan vêm adotando uma postura bastante distinta de membros do alto escalão do clã Windsor, como a rainha, o príncipe Charles e os duques de Cambridge, Kate e William. Houve desde pequenas quebras de protocolo até episódios mais escandalosos, como a recente entrevista deles a um documentário da BBC em que desabafam sobre problemas pessoais e falam de saúde mental.

Mas um dos principais motivos para a mudança de vida do casal e do bebê Archie, de 8 meses, parece ter sido a constante perseguição da mídia.

Nos últimos meses, Harry processou tabloides por violar a privacidade da família e disse, em trecho da polêmica entrevista à BBC, que cada flash de câmera que via em direção à mulher e ao filho o levava de volta à morte de sua mãe, Diana, em 1997, durante uma perseguição de paparazzi em Paris.

O esperado é que, na América do Norte, a família possa deixar de lado um pouco o título de duque e duquesa e fique mais livre para se comportar como civil, e não como figura de estado.

A rainha, aparentemente, não curtiu muito a ideia. Após o anúncio de Harry e Meghan, afirmando que "as discussões com o duque a duquesa de Sussex estão em estado inicial". E completou: "São assuntos complicados que levarão tempo para serem resolvidos".

Entenda, passo a passo, o afastamento do casal da Família Real.

1. A chegada de Meghan

Casamento real - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

O anúncio da então atriz Meghan Markle como noiva do príncipe Harry, em novembro de 2017, foi em si uma enorme quebra de protocolo. Ela é uma mulher negra, norte-americana e divorciada, que tinha uma carreira sólida na televisão —perfil completamente diferente do de Diana ou Kate, por exemplo.

Mesmo antes de ser oficializada como futura mulher do príncipe, Meghan sofria com as perseguições de fotógrafos em restaurantes e outros lugares públicos do Canadá, onde morava para gravar a série Suits. Na reta final de seu trabalho como atriz, ela chegou a ser acompanhada aos estúdios por seguranças da Família Real.

Este cenário, semelhante ao vivido por Diana antes do anúncio do noivado com Charles, na década de 1980, já adiantava a pressão que Meghan sofreria dentro da Família Real.

2. Suposta briga com Kate

Meghan e kate - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Nos primeiros meses de ducado, Meghan parecia ter estabelecido uma boa relação com a cunhada, Kate, duquesa de Cambridge.

Poucos meses depois, no entanto, começaram a surgir rumores de uma suposta briga entre as duas —alguns tabloides levantaram que Kate teria ciúme de Meghan por ter conquistado maior popularidade do público e até por ter maior carisma entre membros da realeza, como o príncipe Charles e a rainha.

Como a família real se manifesta pouco sobre a vida pessoal de seus membros, a maior parte do que se supõe acerca das relações entre eles vem de tabloides e de fontes que não se identificam. Portanto, é difícil cravar se as duas de fato tiveram um atrito e, principalmente, qual seria o motivo.

Fato é que ambas passaram a ser vistas juntas com menos frequência já no final de 2018. Seus maridos, os irmãos William e Harry, também passaram a aparecer cada vez menos nos mesmos eventos.

3. Separação das casas reais

Willaim e harry - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Esse movimento já era esperado, uma vez que tanto William quanto Harry cresceram, casaram-se e formaram suas famílias. Mas a separação das casas reais dos dois príncipes aconteceu justamente no momento de fortes rumores de briga entre as famílias Cambridge e Sussex.

Mais simbólica do que a dissolução da Royal Foundation —instituição mantida pelos dois até 2019—, no entanto, foi o afastamento dos papéis de William e Harry.

Uma vez que o mais velho tem uma função clara na Família Real, que é assumir o trono depois de seu pai, Charles, o caçula se torna um herdeiro cada vez mais distante do trono, ou seja, têm cada vez menos responsabilidades em relação à Família Real, o que permite que ele faça escolhas como a anunciada nesta semana.

À BBC, em outubro, Harry reconheceu que a relação com o irmão realmente não passa por bons momentos.

"Somos irmãos. Sempre seremos irmãos. Seguimos, sem dúvida, por caminhos diferentes neste momento, mas sempre estarei ali para ele, assim como sei que ele estará sempre ali para mim", acrescentou. "Como irmãos, já sabem, há dias bons e dias ruins."

4. Mudança para Windsor

Frogmore Cottage - Reprodução - Reprodução
A Frogmore Cottage, casa em Windsor para onde Harry e Meghan se mudaram antes do nascimento de Archie
Imagem: Reprodução

Dias antes do nascimento de Archie, Harry e Meghan deixaram o palácio de Kensington, que dividiram com William, Kate e os sobrinhos durante os primeiros meses de casamento, para viver na Frogmore Cottage, em Windsor, a algumas horas de Londres.

O principal motivo para a mudança era justamente garantir a privacidade do bebê: longe do Palácio de Buckingham, residência oficial da rainha, Archie estaria mais protegido da mídia, assim como seus pais.

A fórmula parece ter funcionado: Archie nasceu em maio de 2019, de forma bastante privada se comparado ao nascimento dos filhos de William e Kate: George, Charlotte e Louis.

Para começar, o bebê de Meghan não foi apresentado ao público e aos fotógrafos no primeiro dia de vida, horas depois do parto, como Diana e Kate fizeram todas as vezes em que deram à luz. Meghan acatou a sugestão de uma mãe, que escreveu a ela uma carta aberta pedindo que preservasse sua imagem em um momento tão frágil.

Archie apareceu pela primeira vez em público apenas três dias depois de nascer, durante rápida entrevista de Harry e Meghan no Palácio de Windsor.

5. Perseguição dos tabloides

Familia africa do sul - Toby Melville/Reuters - Toby Melville/Reuters
Imagem: Toby Melville/Reuters

Após se tornar pai, Harry ficou ainda mais feroz na luta pela privacidade de sua família.

Em outubro de 2019, ele processou o tabloide The Mail on Sunday por ter publicado "ilegalmente", como alegou, uma carta de autoria da esposa.

Em comunicado, o príncipe Harry afirmou que ele e a mulher foram forçados a tomar uma atitude diante do que chamou de "campanha implacável" de determinados veículos da imprensa britânica.

À BBC, em entrevista para o documentário que acompanhava a viagem do casal e do bebê à África do Sul, o príncipe chegou a dizer que vê Meghan sofrendo com a pressão da mídia da mesma forma que aconteceu com a mãe dele, Diana, entre os anos 1980 e 1990.

Em um dos trechos mais tocantes da conversa, Harry lembra a morte da mãe e diz que luta até hoje para superar o trauma, que o marcou quando ele ainda era um menino. "Toda vez que vejo uma câmera, toda vez que ouço um clique, toda vez que vejo um flash, isso me leva de volta [à morte da minha mãe]", disse.

6. Entrevista polêmica

Meghan entrevista - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Imagem: Reprodução/Twitter

No mesmo documentário da BBC, Harry disse que ele e a esposa enfrentam uma "luta" para manter a saúde mental em meio às pressões do cargo na Família Real.

Meghan, por sua vez, desabafou sobre seu primeiro ano "difícil" como duquesa. Ela se referiu à pressão da mídia, em um momento em que se sentia "vulnerável" pela gravidez e, na sequência, pelo nascimento do filho.

"Quando conheci aquele que seria meu marido, meus amigos estavam realmente contentes porque eu estava feliz, mas aqueles que eram britânicos me disseram: 'Tenho certeza de que é genial, mas você não devia fazer isso [se casar], porque os tabloides britânicos vão destruir a sua vida'", disse Meghan.

A repercussão do desabafo do casal não foi boa entre os Windsors.

Semanas depois da divulgação, a revista People publicou informações de que "ninguém na Família Real estaria falando com Harry e Meghan". Na mesma época, fotos mostraram que a rainha Elizabeth retirou de sua sala de reuniões um retrato do casal que mantinha há mais um ano na decoração.

No Natal — o primeiro de Archie — os Sussex não acompanharam os Windsors nas tradicionais festividades em Sandrigham, e celebraram a data na América do Norte, de forma bastante discreta.

BÔNUS: membros sem função na Família Real

Bea e Eugenie - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Não é incomum entre os Windsors que membros da família não trabalhem para a coroa nem realizem funções oficiais em nome da rainha —especialmente quem não está diretamente ligado aos herdeiros do trono.

É o caso dos filhos da princesa Anne (segunda filha da rainha Elizabeth e 14ª na linha de sucessão ao trono), que pediu que seus filhos não recebessem títulos, e das filhas do príncipe Andrew, as princesas Eugenie e Beatrice, que só são chamadas assim porque receberam títulos de presente da rainha quando nasceram.

As duas têm empregos civis, vivem protocolos muito menos rígidos e não precisam de autorização da rainha Elizabeth para, por exemplo, casar-se.