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Renata Lo Prete rebate Pazuello na Globo: 'Tem que entender é de vacinação'

Renata Lo Prete explicou o papel da imprensa de informar  - Reprodução/Twitter
Renata Lo Prete explicou o papel da imprensa de informar Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

08/01/2021 11h17Atualizada em 08/01/2021 11h54

A jornalista Renata Lo Prete rebateu as críticas do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a cobertura da imprensa na pandemia de coronavírus.

Ontem, em entrevista coletiva, o ministro tentou dar ordens sobre a maneira que a imprensa deve se comportar segundo sua opinião.

"Não queremos a interpretação do fato dos senhores. Não queremos tendência ideológica ou de bandeira. Eu quero assistir à televisão e ver a notícia, o fato", exigiu enfaticamente o ministro no mesmo dia em que o país atingiu 200 mil mortos pela covid-19, como foi noticiado.

Durante o "Jornal da Globo", a fala de Pazuello foi mostrada e, em seguida, Renata Lo Prete fez um esclarecimento sobre o papel da imprensa e o que deveria ser o papel do ministro, principalmente em uma pandemia.

O ministro Pazuello parece não saber que interpretar significa dar sentido às coisas. Sem interpretar, você não informa corretamente, você é enrolado. Mas não tem importância não ele saber disso. O importante, aos 10 meses de pandemia com sete meses no cargo, é ele entender de vacinação"

A âncora afirmou que a vacinação e os processos para realizá-la é o que realmente importa para o povo brasileiro.

Bolsonaro ataca Bonner

O clima elevado do governo federal contra a imprensa teve outros episódios nos últimos dias.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou veículos de imprensa, especialmente a Globo e o âncora do "Jornal Nacional", William Bonner.

Ontem, ao falar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro chamou Bonner de "canalha".

"Pessoal da imprensa, sem vergonha, William Bonner, sem vergonha, vai ter seringa para todo mundo. William Bonner, por que seu salário foi reduzido? Porque acabou a teta do governo. Vocês têm que criticar mesmo. Quase R$ 3 bilhões por ano para a imprensa e grande parte para vocês, acabou", disse repetindo a alegação, sem provas, de que seu governo cortou o valor que seria gasto em gestões anteriores em anúncios publicitários na grande imprensa.

Momentos depois, Bolsonaro voltou a atacar o jornalista.

"Agora estão dizendo que vai faltar seringa para outras doenças. São canalhas. Bonner, você é o maior canalha que existe, William Bonner. São canalhas. O tempo todo mentindo", completou.

Na quarta-feira (6), uma participação de Bonner durante o "JN" chamou a atenção dos internautas. O âncora leu na íntegra declarações de Bolsonaro criticando a imprensa, mas para muitos telespectadores, o jornalista tentou imitar a voz do presidente.

Na terça-feira, (5) Bonner já havia respondido Bolsonaro acerca da declaração de que o "Brasil está quebrado" e a "mídia potencializa a pandemia".

Os números oficiais das secretarias estaduais de Saúde mostram que o vírus a que se refere o presidente Jair Bolsonaro está se espalhando a taxas maiores desde dezembro. Esse vírus contaminou quase 8 milhões de pessoas no país todo e levou luto às famílias e aos amigos de mais de 197 mil 'cidadões'... ou cidadãos... brasileiros"

Datena defende Bonner

A fala de Bolsonaro gerou repercussão do jornalista da Band, José Luiz Datena.

O apresentador saiu em defesa da imprensa e não aceitou a palavra "canalha" para se referir a nenhum colega de profissão.

"Não aceito o termo 'canalha' pra mim. E não aceito o termo 'canalha' para a história da imprensa brasileira. Se não fosse a imprensa brasileira, hoje não viveríamos num país democrático. Respeito minha profissão, respeito meus colegas de trabalho. Não sou canalha. Nenhum de nós pode chegar em casa e ser questionado por nossos filhos: 'o senhor é canalha, papai?' Eu não sou canalha, não aceito esse termo", comentou Datena.