Netflix anuncia 30 produções no Brasil, mas reprises é que são sucesso
Ted Sarandos, o chefão da área de conteúdo da Netflix, anunciou nesta quarta-feira (24), no Rio, que a empresa está desenvolvendo 30 projetos no Brasil. São séries e filmes, em diferentes estágios de produção. Uma das principais novidades, informou o serviço de streaming, foi a contratação de Maísa Silva, do SBT, para protagonizar três filmes.
Um resumo dos novos investimentos da Netflix no Brasil pode ser visto aqui. É uma lista que impressiona.
"O Brasil tem talentos extraordinários e uma longa tradição em contar grandes histórias. É por este motivo que estamos animados em aumentar nosso investimento na comunidade criativa brasileira", disse Sarandos.
A fala do executivo é verdadeira, mas não explica tudo. Uma reportagem publicada nesta quarta-feira no "The Wall Street Journal", um dos principais jornais de economia do mundo, resumiu muito bem qual é o atual problema da Netflix. A empresa acredita que séries novas e originais impulsionam as assinaturas. Mas dados obtidos pelo jornal mostram que não impactam a audiência.
Com base em dados do Nielsen, a principal empresa medidora de audiência nos Estados Unidos, o "Wall Street Journal" informa que dos 10 programas que os assinantes da Netflix passaram a maior parte do tempo assistindo em 2018, apenas dois eram originais ("Ozark" e "Orange Is the New Black"). Os oito demais foram reprises de programas licenciados pelo serviço de streaming, a saber: "The Office", "Friends", "Grey´s Anatomy", "Shameless", "Criminal Minds", "NCIS", "Supernatural" e "Parks and Recreation".
As séries novas costumam gerar picos de visualização sempre que são lançadas, como ocorreu em outubro de 2017 com a segunda temporada de "Stranger Things", mas as reprises de velhos sucessos têm audiência mais constante, ao longo do tempo, mostram os dados.
A Netflix contesta a análise destes números. Segundo a empresa, olhar apenas para o tempo gasto assistindo exagera a importância das reprises, que têm muito mais episódios do que os originais do serviço de streaming.
"Concentrar-se nas séries e filmes que os assinantes escolhem e assistem é mais valioso do que quanto tempo eles gastam em uma série comparada a outra", disse ao jornal o porta-voz da empresa.
O problema da Netflix é que as séries de sucesso reprisadas pertencem a grandes conglomerados de mídia que estão se preparando para lançar os seus próprios serviços de streaming, como Disney, Warner e NBC. Estas empresas tendem a não renovar os contratos de licenciamento que mantêm hoje com a Netflix.
***
Neste domingo, às 20h, o SBT exibe o seu tradicional Troféu Imprensa. Vários colunistas do UOL e da Folha participaram do júri que escolheu os melhores da televisão em 2018 e anteciparam em seus blogs alguns detalhes da premiação. Veja os relatos feitos por este blogueiro, pela Cristina Padiglione, por Ricardo Feltrin e por Leo Dias.
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