"Temi ficar inválido", diz ator Léo Rosa, que trata câncer em metástase
O ator Léo Rosa recebeu uma notícia que alteraria sua vida há dois anos: ele estava com câncer nos testículos e precisaria iniciar o tratamento. Mais tarde, ele descobriu que a doença havia espalhado, com duas metástases. Foram 29 sessões de quimioterapia, duas cirurgias. Depois, um médico lhe deu duas opções: fazer um transplante de medula óssea ou seis meses de vida. Léo se recusou a fazer a operação, mais uma em uma série que o tinha deixado fragilizado.
"Eles me chamaram para fazer um transplante de medula óssea. E eu falei: Cara, não vou fazer. Acho muito invasivo, ele inviabiliza um tratamento que eu gostaria de fazer, que era o da Terapia Gerson, eu prefiro fazer Terapia Gerson antes. Eu posso até fazer em algum momento o transplante de medula óssea, mas no meu ponto de vista é a última saída. Porque, depois dele, tem uma série de coisas que eu não poderia fazer mais", conta ele em entrevista ao UOL.
A Terapia Gerson é um tratamento alternativo que ele decidiu seguir depois de sua experiência, que é voltada ao consumo de frutas frescas, alimentos orgânicos, legumes e cereais integrais. O seu princípio é que o corpo possa se recuperar por meio da remoção de toxinas e da incorporação de nutrientes.
"O que eu posso fazer é agradecer esse médico. Baseado nesse diagnóstico, eu tomei a dianteira em relação a algumas coisas e fiz escolhas das quais me orgulho. Eu realmente estou muito melhor do que há um ano, e muito disso está ligado ao fato de eu não estar fazendo um tratamento tão nocivo", declara ele.
O ator conta que confrontar a morte trouxe diversas novas perspectivas, mas ele garante: "Não senti, salvo algumas poucas exceções, que eu estava indo dessa vez. Só passei a perceber que em algum momento eu vou". No entanto, ele confessa outros medos que passaram por sua cabeça.
"Durante o processo, o único medo que eu tive foi de ficar totalmente à mercê e não conseguir mais agir, não conseguir mais fazer nada, de alguma maneira ficar completamente inválido, ou qualquer coisa do tipo. Eu sabia que eu não ia mais viver da mesma maneira, que alguma coisa mudaria. Não sabia exatamente o que é, como ainda não sei o que é. Mas sinto que estou saindo dessa situação com muito mais possibilidades do que limitações", afirma ele.
Agora, ele segue com a terapia: "Eu tenho uma evolução de quadro muito, muito positiva. Tenho feito um acompanhamento, principalmente, à base de dieta, orientado pela equipe da clínica que fiz tratamento lá no México. Então, continuo em tratamento nesse sentido, de cuidado, e uma série de restrições que tenho, principalmente alimentares nesse momento. Mas estou me sentindo muito bem fisicamente, ativo para caramba, e me organizando de novo para poder voltar a trabalhar".
Volta ao trabalho
O trabalho é algo que sempre esteve presente para Léo Rosa, que se tornou uma das maiores estrelas da Record ao protagonizar a novela Vidas Opostas (2006), uma das mais repercutidas da emissora. Depois, ele emendou vários trabalhos por lá, de Amor e Intrigas (2007) a Promessas de Amor (2009), de Rei Davi (2012) a Milagres de Jesus (2015). Seu último trabalho foi em Escrava Mãe (2016), e, desde a descoberta da doença, ele se afastou da TV, atuando em dois filmes durante o tratamento.
Agora, ele retorna às novelas na Globo, em uma participação como um jornalista em Amor de Mãe, a convite da autora Manuela Dias. Ele não poderia estar mais alegre.
"Estou feliz com a chegada desse momento. Fazia tempo que eu estava esperando que isso voltasse a acontecer, que eu pudesse voltar a falar sobre outra coisa, que não a minha situação de saúde", comemora.
"Em televisão, meu último trabalho tinha sido em 2016. Então, já fazia um tempo que eu estava sentindo falta de me relacionar com esse ambiente. Ao mesmo tempo, [teve] isso: um carinho muito grande dos colegas que acabei encontrando. Da equipe técnica, de atores, muita gente que conheço por algum motivo, de outros ambientes, muita gente veio falar comigo com muito carinho, atenção, respeito, depois de tudo isso. Isso também foi muito legal", complementa o ator.
Ao compartilhar sua luta com colegas, amigos e fãs nas redes, Léo recebeu uma onda de apoio e começou a trocar experiências.
"É muito forte você dizer que está fraco, você passar por esse sentimento pessoal, assumir que você não está podendo naquele momento agir no seu melhor. Ou você não fala sobre e desaparece, ou fica bom ou morre. Ou então, você divide o que está acontecendo, foi a decisão que tomei. Muita gente dividiu comigo as experiências que está vivendo, ou estava vivendo na própria família. É louco, nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Estou aqui de braços abertos mesmo para o que a vida pode me oferecer. A vida me ofereceu isso e tenho sido muito agraciado com muitas aproximações", diz ele.
O ator também fala sobre como a situação mudou a forma como ele encara o mundo: "A doença é uma oportunidade de uma nova observação em relação às coisas. Eu não consigo mais observar e me relacionar com as coisas da mesma forma. É uma doença terminal, você não tem outra saída: ou você supera a doença, ou você morrerá. Foi a primeira oportunidade que eu tive de encarar realmente a morte, falar: a morte realmente existe. Estou sentindo isso na pele, o que isso me oferece? Me oferece a oportunidade de perceber o como eu posso agir nas coisas".
Agora, ele está preocupado é com o trabalho e com as oportunidades que a vida ainda trará.
"Estou com o coração e a mente bastante preparados para uma nova jornada. Tem coisas que já não farei mais e tem desafios que sei que vão aparecer e sei que estou me sentindo preparado para realizar. Cada dia é uma oportunidade mesmo. Eu fui uma pessoa que programou muito as coisas, e agora não estou programando muito nada, não", relata o ator.
Nos momentos que eu ou fraquejei mentalmente, ou achei que não ia dar certo, sempre surgiu algum sinal que disse: Cara, não, segue aí. No final das contas é muito difícil você perceber que você é um vencedor, que você pode passar por isso.
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