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Aposta em jornalismo na madrugada reflete mudança de hábitos e crise

Mauricio Stycer

18/08/2019 05h01

O Balanço Geral Manhã, apresentado por Bruno Peruka, agora começa uma hora mais cedo, às 5h

Por ser menos rentável em matéria de publicidade, o período da madrugada na televisão foi, por muito tempo, deixado em segundo plano. O importante para o mercado anunciante era a faixa horária das 7h à 0h.

Mudanças de hábito ajudaram a alterar este quadro. A concorrência de talks shows no fim de noite, por um lado, esticou a duração da programação noturna. Na outra ponta, Globo e SBT, percebendo que a manhã do espectador estava começando cada vez mais cedo, investiram em telejornais matinais.

Desde agosto de 2018, na emissora carioca, o dia começa às 4h com o "Hora Um", apresentado por Monalisa Perrone. Lançado em dezembro de 2014, o programa originalmente começava às 5h.

No canal de Silvio Santos, desde o final de junho deste ano, o "Primeiro Impacto" também começa às 4h, ainda que a emissora não tenha a estrutura necessária para este esforço. Na Band, com a estreia do "Bora SP" na primeira semana de agosto, o "Café com Jornal" passou a entrar no ar também às 5h.

A Record, cuja madrugada toda é ocupada por horário vendido para a Igreja Universal, viu a sua audiência diminuir na comparação com o principal concorrente, o SBT. Daí a decisão, comunicada esta semana, de antecipar o início do "Balanço Geral Manhã", apresentado por Bruno Peruka, das 6h para as 5h. Para compensar, a programação religiosa começará mais cedo, no fim da noite.

Esta movimentação confirma que o mercado publicitário não ignora os números de audiência da televisão na madrugada. É verdade que os valores dos anúncios são mais baixos e há muito menos procura. Mas, num momento como o atual, de crise econômica, é preciso estar de olho em todas as oportunidades.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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