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Audiência “pune” escolhas feitas por Globo, Record e SBT esta semana

Mauricio Stycer

06/10/2019 05h01

A apresentadora Janice Villagran, do "Alarma TV", apresenta o vídeo de um carro-bomba no Iraque

Os últimos dias foram repletos de episódios que realçam a importância cada vez maior – e eventualmente exagerada – da opinião do público sobre a programação da televisão. Três emissoras mostraram, cada uma à sua maneira, estarem muito sensíveis aos humores da audiência.

Na noite de domingo (29 de setembro), a Record anunciou a expulsão de Phellipe Haagensen do reality show "A Fazenda 11". Cerca de 40 horas antes, depois de uma festa, o ator havia beijado, sem pedir permissão, a participante Hariany Almeida, provocando enorme repulsa dos espectadores nas redes sociais.

A emissora, porém, vacilou. Ela poderia ter tomado uma decisão ainda no sábado à noite, mas preferiu deixar para domingo. Neste meio tempo, o apresentador do reality, Marcos Mion, demonstrou publicamente o seu constrangimento com a situação e, ainda mais grave, a Oi, uma das patrocinadoras do programa, manifestou-se sobre o caso, cobrando providências da Record.

Na segunda-feira (30), a Globo estreou "Se Joga", um programa de variedades, apresentado por Fernanda Gentil, Érico Brás e Fabiana Karla, exibido no início da tarde, na faixa do finado "Vídeo Show", cancelado em janeiro após 35 anos no ar. A nova atração vinha sendo planejada e testada havia meses na emissora.

O novo programa mostrou sintonia com a tendência geral nos meios de comunicação de submeter o conteúdo aos interesses do público, exibindo VTs sobre os temas sugeridos numa certa "nuvem de palavras", que traz os assuntos mais comentados pelos espectadores. É uma evidência explícita que a ambição de surpreender é menos importante que a obrigação de agradar.

Por fim, na terça-feira (01), o SBT estreou, de surpresa, um programa que chamei de "pseudojornalístico", intitulado "Alarma TV". Trata-se, na prática, de uma produção estrangeira, que compila vídeos bizarros ou violentos da internet, exibidos sem explicação ou contexto.

O SBT exibiu uma versão dublada, mas não se deu ao trabalho nem de traduzir os caracteres na tela, apresentados em espanhol. A reação do público foi péssima. A audiência da emissora no horário caiu e Silvio Santos, com a mesma sem-cerimônia que colocou no ar, decidiu cancelar o "Alarma TV" da grade 24 horas depois da estreia. No dia seguinte, o dono da emissora passou o grosseiro programa para o período da manhã. E na próxima segunda, deve movê-lo para a madrugada.

A Globo também está sofrendo com números frustrantes de audiência do "Se Joga", mas não tomou nenhuma atitude drástica, como o SBT. Já a Record viu ocorrer uma elevação do Ibope em consequência do suspense sobre a expulsão de Phellipe, mas creio que essa "vitória" não compensou o desgaste de imagem diante do público e do patrocinador.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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