Morte iminente, representatividade e transição: as tramas de Bom Sucesso
A morte iminente é um dos fios condutores de Bom Sucesso, nova novela das 19h da Globo. A protagonista Paloma (Grazi Massafera) vai acreditar no começo da trama que tem apenas seis meses de vida graças a um exame trocado com Alberto (Antonio Fagundes), que por sua vez vai achar que está curado.
Essa coincidência acaba unindo os dois personagens de universos tão diferentes: ela é uma costureira de Bonsucesso, bairro do subúrbio do Rio que dá nome à trama, e ele um empresário rico, dono de uma editora de livros.
Diante da morte precoce, Paloma resolve fazer o que nunca ousou, como por exemplo passar uma noite de amor com o estranho Marcos (Romulo Estrela), por quem se apaixona.
No lançamento da trama, em uma festa no Rio, Grazi disse que talvez agisse como a personagem se acreditasse que teria pouco tempo de vida.
"Talvez faria algo parecido com ela. Viver intensamente meus seis meses. Ia mandar tudo pras cucuias e viajar com minha filha para qualquer lado. Ia comer, beber, abraçar, beijar."
Outra coincidência que une os dois protagonistas é a paixão pela literatura. Paloma até batizou os filhos com nomes de personagens de clássicos: Alice (Bruna Inocêncio), Gabriela (Giovanna Coimbra) e Peter (João Bravo). Depois que descobre que seu exame foi trocado, ela procura por Alberto e eles constroem uma improvável amizade.
Para Fagundes, que estava longe das novelas desde Velho Chico (2016), as tramas falam pouco sobre o tema da morte. Assim como na sociedade, não se fala muito sobre o assunto.
"O grande interesse da novela é que aborda o aspecto da vida e da morte, uma coisa que a gente quase nunca fala. A gente não fala da velhice e da morte", disse o ator de 70 anos em uma conversa nos bastidores das gravações.
Representatividade negra
Para além da trama central, outras histórias e personagens devem dar o que falar na nova novela das 19h. Após críticas a novelas como Segundo Sol e Sol Nascente pela falta de atores negros e orientais, respectivamente, a emissora vem adequando suas tramas à realidade. Em Bom Sucesso, o elenco é composto de vários atores negros, entre eles David Junior, intérprete de Ramon, um dos protagonistas, que fará par com Grazi Massafera.
"Vou dar meu melhor por conta de tanta gente que vou dar visibilidade. É difícil para a gente ter autoestima quando não temos referência. Me coloco em um lugar de 'peso leve', porque vou errar pra cacete nessa novela e acertar pra cacete também", afirmou o ator ao UOL no lançamento da novela.
Além de Sheron Menezzes, que será a vilã Gisele, outra que deve se destacar na trama é Shirley Cruz, intérprete de Gláucia, executiva responsável pelas finanças da editora Prado Monteiro, uma mulher negra e lésbica. Em entrevista nos bastidores de gravação, Shiley falou sobre a construção da personagem.
"No workshop [de preparação de elenco] me surgiu um questionamento: 'De onde vem a Gláucia?'. É uma outra questão: se uma mulher negra bem-sucedida ascendeu. Não acho que ela veio da pobreza. Na questão de ser lésbica ela é muito segura e tranquila. Imagino que uma mulher segura, que não se esconde, venha de uma família de amor."
Adolescente trans
Outra personagem que deve chamar a atenção na história é Michelly, uma adolescente de 15 anos que passa por um processo de transição de gênero. Ela será vivida pela atriz Gabrielle Joie, 21, estreante nas novelas que passou pelo mesmo processo há cinco anos.
Para Gabrielle, para além da transição, a personagem deve ser identificada pela personalidade forte que tem. "É um grande espaço para ela se expressar pela personalidade e [espero] que as pessoas se sensibilizem pelo que ela passa como pessoa e não como trans. Ela passa por momentos de preconceito dentro e fora da escola, mas a personagem está sendo quem é sem dizer muito sobre os dilemas na transição."
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