Coronavírus: com mortes e imprevistos, Globo nunca havia tirado trama do ar
A pandemia de coronavírus que se alastra pelo mundo provocou uma situação até hoje inimaginável: fez a Globo tirar do ar suas novelas, os principais produtos de sua programação já há décadas. Nesta segunda, "Amor de Mãe" sai de cena, pois teve sua produção interrompida, e, a partir do dia 30, saem as outras duas tramas atuais —"Éramos Seis" acaba e "Salve-se quem Puder" também para. Todas serão substituídas por reprises.
A decisão da emissora mostra o impacto que o aumento da doença teve, uma vez que nunca em sua história, pelo menos de forma voluntária, a emissora tirou algum folhetim do ar, mesmo com adversidades extremas.
Um dos casos mais emblemáticos se deu em 1975, quando a ditadura militar censurou "Roque Santeiro", de Dias Gomes, pouco antes de sua estreia na televisão. Com isso, a Globo foi obrigada a colocar no ar a reprise de "Selva de Pedra", de Janete Clair, para ocupar o espaço enquanto outro folhetim era preparado.
Mas, mesmo em casos graves, a emissora nunca chegou a tomar a decisão de cancelar a exibição de uma novela que já estava no ar.
Em 1972, por exemplo, faltando apenas 28 capítulos para o fim de "O Primeiro Amor", trama das 19h de Walter Negrão, a Globo foi pega de surpresa pela morte do protagonista, Sérgio Cardoso, que sofreu um ataque cardíaco aos 47 anos. Na época, a emissora substituiu o ator por Leonardo Villar e marcou a mudança com uma cerimônia exibida ao público.
O personagem de Sérgio, Luciano, aparecia saindo por uma porta. Então, a imagem foi congelada e o ator Paulo José lia um texto que narrava a trajetória do colega. Depois, a porta se abria novamente e quem saía dela era o ator Leonardo Villar, já encarnando o papel do colega morto.
Outro caso emblemático ocorreu em 1983, na novela "Sol de Verão", de Manoel Carlos. O ator Jardel Filho, para quem o escritor escreveu especificamente o protagonista, morreu de um infarto fulminante. O fato chocou a todos no elenco, e Manoel Carlos desistiu de terminar a novela. Lauro César Muniz foi acionado para dar encerramento à trama, que foi encurtada, mas não saiu do ar até sua conclusão, que contou com uma homenagem para Jardel.
Um dos casos mais recentes ocorreu em 2016. Faltando pouco para o final da novela "Velho Chico", o ator Domingos Montagner, que vivia o protagonista Santo, morreu ao se afogar no rio São Francisco. Apesar do sofrimento de toda a equipe, a novela também não saiu do ar. Como alternativa, a câmera de gravação virou os olhos de Domingos, com clipes de áudio gravados reproduzindo sua voz ao fundo, e foi assim até o final.
Outras situações tensas já aconteceram nos estúdios das novelas. Em "Pátria Minha" (1994), Vera Fischer vivia Lídia, uma das personagens mais importantes da trama. Mas, por conta dos constantes desentendimentos com seu então marido, Felipe Camargo, ela foi afastada das gravações. O autor Gilberto Braga matou os dois personagens. A novela foi até o final, mas a ausência de Vera provocou alterações que foram sentidas pelo público.
Em "Esperança" (2002), novela marcada por baixa audiência, o autor Benedito Ruy Barbosa começou a ter problemas por conta do atraso nas entregas de capítulos, que, consequentemente, tinham muito pouco tempo para ser gravados. A situação alcançou o auge quando Benedito precisou se afastar definitivamente dos textos por conta de problemas de saúde. Para manter a trama andando, a emissora chamou Walcy Carrasco, que assumiu o comando da trama.
Em 2011, Gilberto Braga voltaria a ter problemas com uma atriz. Escalada para ser a protagonista de "Insensato Coração", Ana Paula Arósio já havia gravado diversas cenas quando começou a faltar às gravações e acabou deixando a novela. A Globo, então, escalou Paolla Oliveira para substituir a atriz.
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