UOL Vê TV #30: Jornalismo cresce com disputa entre GloboNews e CNN Brasil
Do UOL, em São Paulo
03/06/2020 04h00
Os últimos acontecimentos no Brasil e no mundo, em torno dos protestos populares de rua, colocaram também os canais de notícias 24h em movimento, principalmente GloboNews e CNN Brasil. No podcast UOL Vê TV #30, Chico Barney, Débora Miranda, Flávio Ricco e Maurício Stycer analisam a cobertura das manifestações nas emissoras de TV paga.
"Eu vibro muito com o trabalho que esse pessoal está fazendo nos Estados Unidos", destaca Flávio Ricco. "Os repórteres da GloboNews entrando junto com os manifestantes, andando pelas ruas. Louvado o trabalho desses repórteres que estão lá botando a cara na rua e fazendo um trabalho que atende nossas expectativas." (disponível no vídeo acima a partir de 04:15)
Por outro lado, o colunista do UOL diz que ficou decepcionado com a cobertura de domingo em São Paulo. "Ao ouvir os deputados, tem que haver um certo equilíbrio. Um repórter da GloboNews [Gabriel Prado] que estava ao lado da polícia e parecia que estava com medo de entrar na questão, se colocando como um PM ali. Ele é repórter, é jornalista, tem que falar dos dois lados o que está acontecendo ali."
Para Chico Barney, a cobertura da GloboNews no domingo tinha narrativas paralelas acontecendo ao mesmo tempo sobre a briga entre polícia e manifestantes. "Tinha a análise da Natuza Nery questionando o secretário de segurança de São Paulo, fazendo perguntas muito relevantes, mas durante a transmissão ao vivo do repórter na avenida era algo desconectado da realidade. Até fiquei preocupado porque não fazia sentido", ironiza, ressaltando a diferença entre o perfil do estúdio e da rua.
Concorrência faz bem
Débora Miranda, editora de TV e Famosos do UOL, diz que criou muita expectativa pela cobertura da CNN Brasil e passou o dia zapeando tanto pela emissora brasileira quanto americana. "A GloboNews foi mais ágil", ela afirma. "Foi algo que se espalhou pelos Estados Unidos inteiro, difícil de acompanhar, mas tinha muitos repórteres espalhados transmitindo ao vivo com o próprio celular, do meio da manifestação. Já a CNN Brasil teria tido uma cobertura muito rica se eles tivessem a rapidez de aproveitar o material da matriz americana." (disponível a partir de 07:55)
Está havendo um crescimento muito grande do jornalismo. A gente tem muito a ganhar com essa concorrência entre GloboNews e CNN Brasil. São dois canais fortes, com muita estrutura e que estão na corrida para ver quem faz melhor.
Débora Miranda
Maurício Stycer aponta para um erro da CNN Brasil: se manter presa à grade prévia. Enquanto manifestações ocorriam durante a noite de domingo, principalmente nos Estados Unidos, a emissora ignorou os acontecimentos e entrou com uma programação fria. "Tem que ter jogo de cintura para se adaptar à situação", ele diz, reconhecendo que é um canal ainda muito novo, com somente três meses no ar. (disponível a partir de 10:37)
Chico Barney ressalta para o fato de que a GloboNews ainda se utilizou de recursos para destacar sua programação quente. "Eles deram uma tripudiada, colocaram no gerador de caracteres: 'Aqui tem programação ao vivo'." Stycer diz que a disputa entre as emissoras é visível nos bastidores e que uma está olhando para a outra a todo momento. "Os programas de debate da CNN Brasil serviram como modelo para a GloboNews dar uma mexida no conteúdo deles", diz Barney.
Flávio Ricco lembra ainda que GloboNews, mais uma vez, ficou em primeiro lugar na audiência da TV paga (é o terceiro mês em que a emissora alcança o posto isolado), enquanto a ainda jovem CNN Brasil perdeu 12% do ibope —caiu três posições no ranking em relação ao mês passado e acabou maio na 7ª posição do ranking.
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