Topo

Mauricio Stycer

Top 10: Como o BBB se reinventou após fiasco de 2019 e fez história na TV

Rafa, Manu, Babu e Thelma, os quatro últimos participantes do "BBB 20", que termina na próxima segunda-feira (27) - Reprodução/Globoplay
Rafa, Manu, Babu e Thelma, os quatro últimos participantes do "BBB 20", que termina na próxima segunda-feira (27) Imagem: Reprodução/Globoplay

Colunista do UOL

25/04/2020 00h12

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Com a pior média de audiência da história e uma campeã muito rejeitada nas redes sociais, o "BBB 19" sugeriu que, enfim, a fórmula do principal reality show da Globo tinha se esgotado. Ledo engano.

Um ano depois, a emissora festeja uma edição extremamente bem-sucedida em matéria de Ibope, faturamento comercial, engajamento extraordinário nas redes sociais, números de votação recordes e repercussão em todas as mídias. Um fenômeno ocorrido num momento dramático, a pandemia de coronavírus e a quarentena forçada de milhões de pessoas.

Sem novelas originais para exibir, sem futebol, sem atrações matinais tradicionais e com reprises de programas de auditório, a Globo viu o "BBB 20" se transformar na sua maior arma no campo do entretenimento. Fato inédito, a emissora até estendeu a duração do reality por mais quatro dias.

Foi uma edição original e concordo que seja chamada de "histórica" pelas diversas circunstâncias que a cercaram. Cito, em especial, o fato de ter sido o único programa de entretenimento da Globo ao vivo durante parte da quarentena, a participação, pela primeira vez, de convidados famosos, e o resultado em termos de audiência, engajamento e números de votos nos paredões.

Vários outros fatores também contribuíram para este sucesso. Enumero dez deles:

Presença de famosos: Pela primeira vez, nove figuras já conhecidas fizeram parte do elenco, na condição de "convidados", junto com nove anônimos. Ainda que muito vantajosa aos famosos, a mistura funcionou e gerou ótimos momentos.

Machismo: Mal começou a edição, um grupo de homens se uniu e articulou uma ação machista para desestabilizar algumas das mulheres da casa. O conflito estabelecido naquele momento foi determinante para a história do reality.

Casa de Vidro: Duas pessoas, entre quatro candidatos, foram selecionadas pelo público a entrar no meio do "BBB 20" após se exporem por alguns dias numa jaula envidraçada num shopping. Ao entrarem na casa, Daniel e Ivy trouxeram informações sobre a articulação machista e mudaram a dinâmica do jogo.

Rivalidades entre famosos: Bianca Andrade e Rafa Kalimann já não se bicavam antes de entrarem no reality e tiveram uma discussão feia lá dentro. Fora do programa, outras celebridades, como Felipe Neto, Gabigol e Bruna Marquizine, entre outros, manifestaram seus gostos e antipatias com participantes famosos, insuflando torcidas nas redes sociais.

Felipe Prior: Associado inicialmente ao grupo machista, e visto como vilão, o arquiteto foi um dos protagonistas do reality show e protagonizou um duelo fascinante com o mágico Pyong. Confiante, enfrentou abertamente os seus adversários, articulou jogadas mirabolantes e mostrou muita autenticidade, ainda que nem sempre de forma positiva. Foi eliminado no paredão com maior número de votos da história. Após sair, foi acusado por três mulheres de cometer atos de violência sexual e se declarou inocente.

Babu Santana: Longe do perfil de participante do BBB, o ator acabou se tornando outro protagonista. Foi indicado ao paredão dez vezes - um recorde. Carismático, apesar (ou por causa) do eventual mau-humor, inteligente e afável com os amigos, Babu deu aulas sobre racismo e preconceito racial no programa.

Manu Gavassi: A atriz e cantora entrou no BBB achando que estava gravando um vídeo para o Instagram. Tentou ditar o ritmo de sua exposição e entrou em choque com a produção do programa. Acabou se rendendo e entrou no jogo. Não teve uma participação extraordinária, mas contou com o maior e mais barulhento fã-clube.

Quarentena: A pandemia de coronavírus foi decretada em 11 de março, já com o "BBB 20" em andamento. A Globo informou aos participantes sobre a gravidade da situação, mas conseguiu manter todos em segurança sem precisar interromper o programa. A decisão revelou-se um acerto.

Tiago Leifert: Em sua quarta temporada, o apresentador se mostrou mais seguro e tranquilo. Já não deu tantas explicações aos participantes e ao público quanto em edições anteriores. Fez "discursos de eliminação" mais interessantes. E conseguiu manter equilíbrio e equidistância ao longo de todo o jogo.

Boninho: O sucesso da edição consagra o diretor-geral do programa. Ele e sua equipe saem como os maiores vitoriosos neste momento difícil que a televisão está passando. Ofereceram bom entretenimento por mais de três meses. Mesmo grosseiro em alguns momentos, Boninho tem o mérito de ter entregado o que prometeu. Não é pouca coisa, ele sabe: em muitas edições, não conseguiu.

Stycer recomenda
. UOL Vê TV #24: "Novela em temporadas pode funcionar se a história for boa"

. Nem as lives musicais escapam da polarização política e da polêmica

. Band quer Tom Cavalcante para humorístico inspirado no antigo 'Show do Tom'

. Direção da Rede TV! decide cortar salários dos funcionários e PJs

Melhor da semana
Globo faz megarreunião com autores e expõe 'cenários' para volta

Pior da semana
Datena reprisa 4 vezes protesto contra a Globo feito na casa de ministro


Uma versão deste texto foi publicada originalmente na newsletter UOL Vê TV, que é enviada às quintas-feiras por e-mail. Para receber, gratuitamente, é só se cadastrar aqui.

Siga a coluna no Facebook e no Twitter.